Do cinema político italiano ao cinema anticolonial angolano

Sambizanga, de Sarah Maldoror, e o neorrealismo

Autores

DOI:

https://doi.org/10.46391/ALCEU.v25.ed55.2025.459

Palavras-chave:

colonialismo, cinema africano, Cinema terceiro-mundista, Sarah Maldoror, Cinema Italiano

Resumo

Este artigo tem como objetivo propor a aproximação entre o filme Sambizanga (1972), marco do cinema anticolonial angolano dirigido por Sarah Maldoror, e algumas tendências do cinema italiano. Busca-se a aproximação com o longa A batalha de Argel (1966) de Gillo Pontecorvo e de outros mais recuados no tempo, dos primórdios do neorrealismo italiano, com os quais nasce também uma estética que revolucionará a maneira de fazer cinema e impactará especialmente os países mais pobres, conhecidos nos anos 1960 e 70 como Terceiro Mundo. Portanto, aqui Sambizanga é comparado também a filmes de Roberto Rosselini como Roma cidade aberta (1945) e Alemanha ano zero (1948), buscando compreender, a partir da virada estética e política representada por esses filmes, as diretrizes do cinema político que se opunha ao colonialismo ainda em curso em alguns países africanos (notadamente lusófonos), no qual Sambizanga constitui-se como uma peça basilar

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Francisco Ewerton Santos, Universidade Federal do Pará - UFPA

Graduado em Letras pela Universidade Federal do Pará (2008), mestrado em Letras: Lingüística e Teoria Literária pela Universidade Federal do Pará (2011) e doutorado em Estudos da Tradução pela Universidade Federal de Santa Catarina (2020). Atualmente é professor EBTT da Escola de Aplicação Universidade Federal do Pará, onde coordena o projeto de pesquisa Estudos de Cinemas e Literaturas Africanas em Língua Portuguesa (ECLALP) e atua como vice coordenador de pesquisa e extensão.

Referências

A BATALHA DE ARGEL. Direção: Guillo Pontecorvo. Produção: Fred Baker, Yassed Saadi. Igor Films; Casbah Films, 1966. (121 min), sonoro, P&B, 35mm.

ALEMANHA ANO ZERO. Direção: Roberto Rosselini. Produção: Roberto Rosselini, Salvo D’Angelo. 1948 (79 min.), sonoro, P&B, 35mm.

ANDRADE, Mário Pinto de. Origens do nacionalismo africano. Continuidade e ruptura nos movimentos unitários emergentes da luta contra a dominação colonial portuguesa: 1911-1961. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1997.

ARENAS, Fernando. África Lusófona: Além da Independência. Tradução de Cristiano Mazzei. São Paulo: EDUSP, 2019.

AVELLAR, José Carlos. “O paraíso do espectador”. In: PRUDENZI, Angela; RESEGOTTI, Elisa. Cinema político italiano anos 60 e 70. São Paulo: Cosac Naify, 2006. p. 168-199.

BAZIN, André. O Cinema. Ensaios. Tradução: Eloisa Araújo Ribeiro. São Paulo: Editora Brasiliense, 1991.

DELEUZE, Guiles. A imagem-movimento (Cinema I). Tradução: Stella Senra. São Paulo: Editora Brasiliense, 1983.

_______. A imagem-tempo (Cinema II). Tradução: Eloisa de Araújo Ribeiro. São Paulo: Brasiliense, 2007.

FABRIS, Mariarosaria. O neo-realismo cinematográfico italiano. São Paulo: EDUSP; FAPESP. 1996.

FANON, Frantz. Os condenados da terra. Tradução: Enilce Albergaria Rocha e Lucy Magalhães. Juiz de Fora: Editora UFJF, 2005.

MONDLANE, Eduardo. A estrutura social – Mitos e factos. In: SANCHES, Manuela Ribeiro (Org.). Malhas que os impérios tecem. Textos anticoloniais, contextos pós-coloniais. Lisboa: Edições 70, 2011, p. 309-332.

PIÇARRA, Maria do Carmo. “Os cantos de Maldoror”: cinema de libertação da “realizadora-romancista”. Mulemba, Rio de Janeiro, v. 9, nº 17, p. 14-29, juldez 2017. Disponível em: <https://revistas.ufrj.br/index.php/mulemba/article/view/14579>. Acesso em 10/03/2024.

ROMA CIDADE ABERTA. Direção: Roberto Rosselini. Produção: Roberto Rossellini, Giuseppe Amato, Rod E. Geiger, Ferrucio De Martino. Minerva Film, 1945, 105 min. Son, P&B, 35 mm.

SAMBIZANGA. Direção: Sarah Maldoror. Produção: Jacques Poitrenaud. Isabelle Films. 1972. (103 min), sonoro, color, 35 mm.

SANTOS, Francisco Ewerton dos. “A Poética dos olhares: narrativa e subjetividade em A vida verdadeira de Domingos Xavier e Sambizanga”. Cerrados, Brasília, v. 32, n. 61, maio de 2023, p. 156-167. Disponível em: <https://www.periodicos.unb.br/index.php/cerrados/article/view/45474>. Acesso em 12/03/2024.

SCHEFER, Raquel. Sarah Maldoror: o cinema da noite grávida de punhais. In: PIÇARRA, Maria do Carmo; ANTÓNIO, Jorge (Org.). Angola, o nascimento de uma nação. Vol III o cinema da Independência. Lisboa: Guerra e Paz, 2015. p. 139-152.

SHOHAT, Ella; STAM; Robert. Crítica da imagem eurocêntrica. Tradução: Marcos Soares. São Paulo: Cosac Naif, 2006.

STAM, Robert. “Teoria e prática da adaptação: da fidelidade a intertextualidade”. Revista Ilha do Desterro Florianópolis, n. 51, p. 19-53. jul./dez. 2006. Disponível em <10.5007/2175-8026.2006n51p19>. Acesso em 10/03/2024.

_______. A literatura através do cinema. Realismo, magia e arte da adaptação. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2008.

_______. Introdução a teoria do cinema. Tradução: Fernando Mascarello. Campinas: Papirus, 2013.

UKADIKE, Nwachukwu Frank. Black African Cinema. Berkeley/Los Angeles/London: University of California Press, 1994.

VIEIRA, José Luandino. A verdadeira vida de Domingos Xavier. São Paulo: Ed. Ática, 1979.

ZAMPARONI, Valdemir D. “Ficção e história em A vida verdadeira de Domingos Xavier”. Polifonia, n. 1, p. 160-180, 1993. Disponível em <http://periodicoscientificos.ufmt.br/ojs/index.php/polifonia/article/view/1220/978>. Acesso em 12/03/2024.

Downloads

Publicado

26.05.2025

Como Citar

Santos, F. E. (2025). Do cinema político italiano ao cinema anticolonial angolano: Sambizanga, de Sarah Maldoror, e o neorrealismo. ALCEU, 25(55), 105–123. https://doi.org/10.46391/ALCEU.v25.ed55.2025.459

Edição

Seção

O mundo (re)visto: estéticas geopolíticas em um cinema policêntrico