O mundo (re)visto

estéticas geopolíticas em um cinema policêntrico

Autores

DOI:

https://doi.org/10.46391/ALCEU.v25.ed55.2025.484

Resumo

Como mostram, em seu conjunto, os artigos que compõem o dossiê, os sonhos, as disputas e as negociações em torno do que pode ser aquilo que frequentemente denominamos a ordem mundial são inseparáveis de maneiras de organização temporal das experiências cinematográficas e audiovisuais. Enquanto o ordenamento de um mundo envolve divisões territoriais que procuram conter essas experiências em escalas variáveis de delimitação do comum (o nacional, o estatal, o étnico e inúmeras outras classificações), a temporalidade dessas experiências é frequentemente contida por meio de periodizações e modos de arquivamento. Em ambos os casos, os artigos evidenciam a importância de perturbar os modos de ordenamento e organização do espaço e do tempo que definem nosso entendimento do cinema e do audiovisual.

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Biografia do Autor

Lúcia Ramos Monteiro, Universidade Federal Fluminense - UFF

Professora do Departamento de Cinema e Vídeo da Universidade Federal Fluminense, do Programa de Pós-Graduação em Cinema e Audiovisual da mesma instituição (PPGCine-UFF) e também do Programa de Pós-Graduação em Meios e Processos Audiovisuais da Universidade de São Paulo (PPGMPA-USP). Suas pesquisas atuais, voltadas à intersecção entre estudos de roteiro, temporalidade, ecocrítica e cinemas amazônicos, recebem o apoio do programa Jovem Pesquisador do Nosso Estado (FAPERJ). Realizou pós-doutorado (Fapesp) na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP) e na Universidade Grenoble Alpes. Possui graduação em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade de São Paulo (1998), mestrado (2007) e doutorado (2014) em Estudos cinematográficos e audiovisuais pela Université Sorbonne Nouvelle - Paris 3 e em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo. Seus artigos dedicam-se aos cinemas não-hegemônicos e a questões de estética do cinema contemporâneo, interessando-se especificamente pelas relações entre cinema e antropoceno, pelo cinema geológico e pelo documentário.

Pablo Gonçalo, Universidade de Brasília - UnB

É professor no Departamento de Audiovisual e Publicidade e nos Programas de Pós-Graduação em Comunicação e em Literatura da Universidade de Brasília (UnB). Atua nas áreas de Roteiro, Teoria, Estética e História do Cinema. Doutor pelo Programa de Pós-Graduação da Escola de Comunicação da UFRJ, realizou seu "sanduíche" no Institüt für Theaterwissenschaften da Freie Universität Berlin, com bolsa do Deutscher Akademischer Austauschdienst, DAAD. É autor dos livros O cinema como refúgio da escrita: roteiros e Paisagens em Peter Handke e Wim Wenders (Annablume, 2016) e Hollywood de Papel: roteiros não filmados de Ben Hecht, Billy Wilder e Frances Marion (Zazie, 2022). Também é coordenador do GT de Estudos de Cinema, Fotografia e Audiovisual da Compós e um dos coordenadores do Seminário Temático Estudos de Roteiro e Escrita Audiovisual da SOCINE. Realizou pós-doutorado em 2019 no Programa de Pós-Graduação da ECA/USP, premiado com a bolsa Fulbright e visiting scholar na University of Chicago.

Marcelo R. S. Ribeiro, Universidade Federal da Bahia - UFBA

Professor de História e Teorias do Cinema e do Audiovisual, na Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia, onde atua também como docente do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura Contemporâneas. Autor do livro Do inimaginável (Editora UFG, 2019), assim como de capítulos de livro e artigos sobre imagem, história e direitos humanos, cinemas africanos, história do cinema, arquivo e descolonização. Coordenador do grupo de pesquisa (an)arqueologias do sensível. Doutor em Arte e Cultura Visual pela Faculdade de Artes Visuais da Universidade Federal de Goiás (2016); mestre em Antropologia Social pela Universidade Federal de Santa Catarina (2008); graduado em Ciências Sociais com Habilitação em Antropologia pela Universidade de Brasília (2005). Fundador, autor e editor do incinerrante (https://www.incinerrante.com), tendo atuado ainda como crítico de cinema, programador e curador de mostras e festivais. Tem experiência em pesquisa, ensino e extensão nos campos de Cinema, Fotografia, Artes, Cultura Visual, Comunicação, Antropologia, Antropologia Audiovisual e Estudos da Imagem.

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Publicado

26.05.2025

Como Citar

Ramos Monteiro, L., Gonçalo, P., & R. S. Ribeiro, M. (2025). O mundo (re)visto: estéticas geopolíticas em um cinema policêntrico. ALCEU, 25(55), 03–13. https://doi.org/10.46391/ALCEU.v25.ed55.2025.484

Edição

Seção

Editorial