Identidade, história e linguagem na poesia de Salgado Maranhão

Autores

DOI:

https://doi.org/10.46391/ALCEU.v24.ed53.2024.423

Palavras-chave:

fugacidade, generosidade, impermanência, resiliência, solidariedade, tradição

Resumo

A publicação de (2022) é um momento propício para a reavaliação da vasta obra de Salgado Maranhão (1953–), um dos mais inovadores poetas contemporâneos da língua portuguesa. Este artigo toma como dois pontos de partida teóricos a sugestão de Paul Ricoeur (1913-2005) que a identidade pessoal só pode ser articulada na dimensão temporal da existência humana, e a dialética entre a tradição e o talento individual, proposta no famoso ensaio epônimo de T. S. Eliot (1888-1965). Pedra de encantaria reafirma e, ao mesmo tempo, complexifica as inextricáveis interconexões entre a fluidez da identidade, a força transgressora da linguagem poética, a importância histórica, familiar e pessoal da cultura afro-indígena-brasileira e o inescapável palimpsesto da tradição poética luso-brasileira, de Camões e Pessoa a Drummond e Faustino, que constitui a marca registrada da poesia salgadiana, sempre solidária e generosa. Este artigo visa demonstrar como Pedra de encantaria representa uma summa da poética do autor. Com esse intuito, traça elos com vários dos seus livros anteriores, tais como Ebulição da escravitura (1978), Punhos da serpente (1989), Palávora (1995), Sol sanguíneo (2002), O mapa da tribo (2013) e Ópera de nãos (2015).

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Biografia do Autor

Luiz Fernando Valente, Brown University - EUA

Doutor em Literatura Comparada e Professor Titular de Estudos Portugueses e Brasileiros e de Literatura
Comparada na Brown University - Department of Portuguese and Brazilian Studies, Providence, Rhode Island, EUA.

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Publicado

03.10.2024

Como Citar

Valente, L. F. (2024). Identidade, história e linguagem na poesia de Salgado Maranhão. Revista ALCEU, 24(53), 75–84. https://doi.org/10.46391/ALCEU.v24.ed53.2024.423

Edição

Seção

Artigos